sexta-feira, 1 de março de 2013

Moda é Revolução (embora pacífica)


Quem me conhece sabe que há uma frase que eu repito com frequência:  "A injustiça enerva-me".  E, de facto assim é.  

Está marcada mais uma manifestação em Lisboa, e que será no dia 2 de março de 2013, sob o lema Que se Lixe a Troika.

Vá à manifestação, mas mostre que não luta apenas contra a Troika. A luta, nestes termos, é facilmente desarmada, com o argumento de que o país tem de cumprir aquilo a que se obrigou. E, provavelmente, os senhores ministros voltarão a mostrar que não nos levam a sério, com afirmações do tipo: “Os portugueses são o melhor povo do mundo”.  

Mostre sim, que não se conforma com a desonestidade das pessoas que nos têm governado desde o 25 de Abril de 1974. Foi a corrupção e o oportunismo, dos políticos, que nos trouxe até aqui. O problema é que parece que ninguém aprendeu com as experiências passadas, pois a corrupção mantêm-se e amplia-se com os que ocupam o poder atualmente.

Não faça como muitos dos meus queridos antigos colegas de faculdade, que, porque têm empregos estáveis e bem remunerados, acham que não devemos dar importância aos roubos, a maior parte deles legais, perpetrados pelos políticos e sua rede de amigos e protegidos.

Parece que, desde que tenhamos a nossa vidinha a caminhar de feição, à nossa volta, podem roubar à vontade que o assunto não nos diz respeito.

Mas diz respeito a todos nós!

Ainda ninguém se deu ao trabalho de somar tudo aquilo que é, considerado pelas "mentes superiores",  de somenos importância. Provavelmente, feitas as contas do que se gasta com, por exemplo: a criação de organismos, propositadamente para dar cargos de direção aos amigos; ajudas de custo fantasmas; ordenados obscenos; e reformas superiores a cem mil euros/mês, o país, e todos nós não estaríamos na situação atual.

Quando falo em organismos criados com o intuito de arranjar emprego para os amiguinhos, estou a lembrar-me, mais uma vez a título de exemplo, da Inspeção Regional das Pescas e da Inspeção Regional do Ambiente, ambas nos Açores. Alguém saberá para que servem, além, é claro, de dar emprego a alguns incompetentes?

Ficou-me na memória, há cerca de dez ou onze anos, uma reportagem feita com o Diretor Regional das Pescas dos Açores, que, quando lhe perguntaram como estavam a correr os processos de contra ordenação da competência da IRP (Inspeção Regional das Pescas), ele respondeu que estavam a correr muito bem, estavam a seguir os trâmites normais dos tribunais.  Obviamente que, com uma resposta destas, este senhor mostrou que não fazia ideia de quais são as funções da Inspeção Regional e, muito menos, de quais são as suas próprias funções.  

Organismos como os acabados de referir há muitos pelo país, e são bons exemplos do dinheiro, que é de todos nós, mas que vai parar a bolsos indevidos, por processos escusos, porém, cobertos com a capa da legalidade.

É por isso que devemos pedir muito mais do que a nossa vida de volta. Devemos pedir um futuro e um presente para o país.

Portugal só será um país de que nos possamos orgulhar, onde ninguém passe fome e todos tenham habitação, quando acabarem as situações que permitem que muitos, indevidamente, tenham demais. Quando falo dos que têm demais não estou a referir-me, naturalmente, aos que trabalham e investem, e tiram daí bons resultados financeiros, esses têm o meu aplauso. Mas, concordarão certamente comigo, que ninguém merece receber uma reforma de mais de cem mil euros/mês. É por existirem, de facto, reformas com esses valores, que muitos têm reformas e salários miseráveis. O dinheiro é um bem escasso, todos sabemos disso.

Devemos acabar com a caridadezinha e resolver os problemas na sua raiz. É que, como dizia o célebre índio: tudo está ligado.

Os senhores ministros e afins roubam, mais ou menos descaradamente, e depois querem tentar convencer-nos de que somos nós os culpados: Que vivemos acima das nossas posses. É revoltante ouvir esse discurso, e mais revoltante ainda é ver que muitos portugueses acreditam nele e resolvem repeti-lo.

Estou a lembrar-me, especificamente, do infeliz comentário da responsável pelo Banco Alimentar contra a Fome, pessoa pela qual até tinha alguma consideração. É mais uma que ouviu o estúpido discurso, acreditou nele e quis corroborá-lo. A avaliar pelas dimensões da  dita senhora, ela sim andou a alimentar-se acima das suas necessidades, senão económicas pelo menos físicas.  

Não somos um povo de miseráveis como nos querem fazer pensar. Temos direito, como todos os povos, a muito mais do que simplesmente sobreviver.

Mesmo que não estejamos a sofrer privações de cariz económico, por dever de solidariedade, pelos nossos filhos e pelas gerações seguintes, temos de aproveitar e fazer deste difícil momento, para quase todos, um ponto de viragem.

Os políticos da atualidade não são apenas desonestos e corruptos, são, também, pouco inteligentes. Senão vejamos:

Podemos começar pelo senhor presidente da República. Há quem considere que ele fala pouco, eu acho que fala demais e, sobretudo, diz muitas asneiras.  

Em 2011, sua excia, vem aconselhar os portugueses a poupar, a diminuírem substancialmente o consumo. Evidentemente, isso só se tornou problemático porque muitos portugueses seguiram a sua orientação:

Não somos apologistas do consumismo, mas qualquer pessoa percebe o resultado da redução drástica do consumo: falência do comércio e da indústria, com o natural aumento do desemprego, e, por arrasto, diminuição do pagamento de impostos,   que, por consequência, leva à necessidade de baixar os salários na função pública.  

E, desta forma, a crise que, de 2008 a 2011, era psicológica para os consumidores, e real para os comerciantes e empresários, passou, como se compreende, em 2012, com a inevitável redução de salários, a ser real para todos.

Todos os empresários e todas as pessoas que trabalhavam no comércio e na indústria conseguiram prever o que viria logo depois. Mas o senhor presidente da República precisou de ver para crer.   No entanto, devo confessar, que irei ficar sempre com a dúvida de saber se o conselho de poupança, dado aos portugueses, se tratou de falta de clareza de espírito ou bem pensada má fé, como forma de ajudar à capitalização dos bancos com os depósitos das poupanças particulares. De qualquer forma, nenhuma das hipóteses abona a favor do senhor presidente. Entre burro e manhoso venha o diabo e escolha... quem fica a perder somos sempre todos nós.

Numa tirada “de génio”, o senhor presidente da República, ao mesmo tempo que aconselha a poupança dos consumidores, aconselha as empresas a produzir mais. Ficamos sem saber o porquê de aumentar a produção. O senhor presidente precisa, certamente, que lhe expliquem que, quem produz precisa de escoar a produção através das vendas.

Em finais de 2012, o mesmo senhor, vem dizer que o consumo não podia ser tão drasticamente reduzido, pois isso teria consequências na economia do país.  

Conclusão brilhante, sim senhor, mas isso já sabíamos! O consumo foi reduzido, o comércio e as empresas faliram, e sua excia continuou como se não tivesse qualquer responsabilidade no assunto.

Por outro lado, quando todos nós já sabíamos,  e muitos  apregoavam, que austeridade só podia gerar austeridade, o governo prosseguiu na sua caminhada obstinada de conduzir o país para lado nenhum, sem o menor conhecimento das mais elementares regras da economia. Errou todas as suas previsões e acha que pode continuar, à semelhança do senhor presidente da República, a assobiar para o ar.

Um governo assim não faz falta. Um governo assim tem de ser obrigado a demitir-se.

No dia 2 de março vamos manifestar-nos contra a injustiça, contra a corrupção, e pela queda do governo e do presidente da República.

Mas vamos fazê-lo de forma absolutamente pacífica, para que nunca percamos a razão. Cantando, parece-me muito bem. Sugiro que não nos calemos até que os actuais governantes desapareçam das nossas vidas.  

Pode demorar dias, pois eles já mostraram que estão dispostos a lutar pelos tachos. Mas, nós podemos revezar-nos, podemos ir para o trabalho cantando, podemos usar as buzinas dos carros, o que importa é: NÃO PARAR ATÉ QUE ELES VÃO EMBORA!

E como o figurino também pode ser uma forma de luta, acho que, todos nós, como modo de mostrar a nossa unidade, deveríamos vestirmos-nos com a  mesma cor. Essa cor, sugiro que seja o preto. Para nos proteger do sol o melhor é usar um chapéu. E porque o estilo é importante, o toque final poderá muito bem ser um lenço vermelho no pescoço.

Poderemos ser lembrados como os que mudaram um país, apenas com uma canção e um figurino. Vamos fazer por isso!

E quando o governo cair o que faremos? Nomear uma comissão de cidadãos que tenham dado mostras de honestidade e competência, parece-me uma das possibilidades. Outra será, através das eleições, eleger um partido que nunca tenha estado no governo.

Não fiquem em casa, ou a trabalhar com o argumento de que é assim que o país vai para a frente. O país não vai para a frente enquanto continuarmos a ser governados por ladrões e corruptos. Não pensem apenas nas vossas vidas.
  
Ser solidário está na moda!!!!!!!!!

Natália

Sem comentários:

Enviar um comentário